Sunday, August 01, 2004

Ceifeira

Ceifeira que já foste mulher
cortando o trigo com tua foice
nas longas planícies da terra
fértil de pão e cante.
Tua voz doce e deliciosa tocava
suaves melodias
que enchiam os corações de emoção,
embalando as espigas
em teus gestos maternos.

E lá ias tu trabalhando de sol-a-sol.

Agora ceifeira,
és ferro
máquina em que o tempo
te transformou,
roubando quadros de beleza
ao campo.
Campo que já não ouve tua voz cantando
e espigas que já não são embaladas nos teus braços.

E a terra?

A terra morre de fome e sede
esperando por ti mulher ceifeira.

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