Wednesday, May 25, 2005

Talvez hoje seja dia para deixar a literatura

Sim. Talvez hoje seja dia para deixar a literatura. Ou, pensando melhor, talvez não.
Acabei de chegar a casa e liguei a televisão. Reponho-me de inúmeras filas de trânsito na ponte e nos acessos, horas de música da rfm e das notícias da renascença.
Olho para o espelho. Encontro o rosto de um cidadão comum do outro lado. Cidadão comum de um país mergulhado no tédio. Virei a cara e olhei pela janela. Vi os quintais do meu prédio e deixei que a luz crepuscular os colorisse, misturando-se com a terra e com as raízes dos vegetais que ali crescem. Sinto algum cansaço e puxo os cortinados. Sento-me na cadeira em frente ao computador e arrasto as minhas maõs no teclado. E escrevo, escrevo.
Caros portugueses,
Portugal está a atravessar uma crise financeira de elevada gravidade. A má gestão de sucessivos políticos tem mergulhado este país num estado calamitoso.
Mas entendo que há situações, a par desta que acabei de referir, que não nos podem deixar de preocupar.
O que dizer do nosso défice cultural? Então e o défice da mentalidade? Esqueceram-se de calcular? Ou estes últimos são os maiores, os mais impressionantes, os que causam maior vergonha e embaraço? Isto é lamentável em contexto democrático.
Os culpados estão todos abotoados nas suas fortunas e os portugueses desfavorecidos agitam-se distraidamente com as vitórias daquele que parece ser o único desporto que se pratica em Portugal: o futebol.
Do que estamos à espera para dizer que a decisão e a construção do nosso país, desde o mais longíquo lugar até à maior metrópole é, também, da nossa responsabilidade? A cidadania é feita pela individualidade numa afirmação da força colectiva. Através dos laços provenientes das diversas cinergias sociais poderemos ser mais conscientes, mais conhecedores, mais solidários.
(o texto irá merecer continuação)

Thursday, May 12, 2005

Entre a planície e o mar

Estava longe do seu olhar toda aquela beleza. Uma linha fina, híbrida de céu e mar, alcança o horizonte onde se põe o sol e se desnuda o pensamento.
Era aquele local onde costumava sentar-se e escrever. Não havia melhor local, pelo menos para ele, onde pudesse fazê-lo. Certo que também escrevia noutros locais, mas aquele era especial.
Passados alguns anos encontrou aquele local onde juntou toda a sua vida. A planície da infância estava lá e o mar dos outros anos também. Para ele era o paraíso personificado no real.
Naquele dia, numa pequena praia paradisíaca aos pés de um enorme rochedo, um jovem casal amava-se à beira-mar. Pegou na caneta. Abriu o caderno de folhas brancas. E viajou no tempo das palavras para contar outra história.

Wednesday, May 11, 2005

Cor perfeita

No lápis do sol encontrei a minha cor
tranquila e suave com o despertar da manhã.
Tacteei pela noite e segurei nos teus dedos
desenhando a luz vinda da janela do teu corpo.
Ao abrir o lugar da imaginação descobri
uma flor e, no seu interior, o teu nome.